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IFRS e os seus benefícios
Fonte: Notícias Fiscais | Data: 15/9/2011
Por Adão de Matos Junior
O que tem acontecido é
uma adaptação das normas internacionais para os
princípios locais, e não uma adoção
pura e simples.
Implantadas pelo International Accounting Standards Committee
(IASC), no início da primeira década do Século
21, como possível solução para a padronização
da contabilidade no mundo globalizado, as IFRS (International
Financial Reporting Standards) estão muito distantes
da unanimidade. Quem pensa que o IASC tem poucos anos de atuação
no mercado, está completamente enganado. Ele foi criado
em 1973 por órgãos contábeis de dez países
– Alemanha, Austrália, Canadá, Estados Unidos,
França, Holanda, Irlanda, Japão, México
e Reino Unido – com o objetivo de ter, de forma independente,
um novo padrão contábil internacional.
Cada dia, as IFRS vão se ajustando ao mercado. Atualmente,
já temos oito atualizações, que passam
pelo processo inicial de adoção das Normas Internacionais
de Contabilidade, Pagamentos Baseados em ações,
combinações de empresas, contratos de seguros,
ativos não circulantes mantidos para venda e operações
descontinuadas, exploração e avaliação
de recursos minerais, instrumentos financeiros e, por último,
segmentos operacionais.
Distintos indicadores, estudos e especialistas atestam essa
realidade. É o caso de Andrea Cilloni, professor da Universidade
de Parma/Itália, convidado para proferirpalestra sobre
o tema na Trevisan Escola de Negócios, onde afirmou que
as novas normas internacionais de contabilidade são adotadas
por apenas 20% das empresas europeias. Motivo: sua relação
custo-benefício não é boa para as pequenas
emédias empresas as quais entendem como um “custo desnecessário”.
De fato, o padrão internacional deve ser aplicado apenas
se o objetivo for reduzir o custo de capital para o investidor,
o que se aplica em geral às grandes empresas de capital
aberto. O que tem acontecido é uma adaptação
das normas internacionais para os princípios locais,
e não uma adoção pura e simples.
Toda essa questão também está permeada
por fortes influências políticas, que afetam a
sua aplicação, em detrimento de conceitos estritamente
técnicos. Tudo está relacionado à disputa
de poder entre Europa e Estados Unidos, muito mais do que exatamente
a um padrão de excelência técnica dos princípios
contábeis.
Essafalta de unanimidade global, reforçada pelo fato
de norte-americanos e japoneses não terem adotado as
normas, parece manifestar-se também no Brasil, onde o
padrão internacional de contabilidade ainda não
atingiu o propósito de facilitar a comparação
entre empresas de diferentes nacionalidades.
O estudo, apresentado pelo Instituto Brasileiro de Relações
com Investidores (Ibri) e realizado com grandes empresas com
ações na Bolsa de Valores, mostra que somente
24% dos profissionais de relações com investidores
acreditam que as demonstrações financeiras ficaram
mais facilmente comparáveis entre os países, competidores
e indústrias a partir da adoção das IFRS.
Sessenta opor cento não têm opinião sobre
o assunto e 16% não acreditam que a comparação
ficou mais fácil. Cerca de 40% das empresas responderam
que ainda é cedo para avaliar se a adoção
das normas melhorou o acesso a linhas de crédito internacional,
aumentou a geração de negócios ou reduziu
o custo de capital. Contudo, 58% dos profissionais entrevistados
enfatizaram a ampliação da transparência
nas demonstrações financeiras comofator positivo
percebido pelo mercado.
Como se percebe, o tema ainda é bastante controverso.
Está muito claro que aindahaverá de se percorrer
um longo caminho para a padronização de normas
mundiais da contabilidade. Até lá, faça
sempre a conta certa, tendo como premissas aconsciência
de que a boa contabilidade e a atualização de
seus profissionais são o grande alicerce de empresas
saudáveis e o parâmetro ético para a gestão
das organizações públicas e privadas.
Adão de Matos Junior é diretor
de operações da Trevisan Outsourcing – filial
Minas Gerais.
