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Lucros sobem e descem, ao sabor dos padrões contábeis.
Fonte: Valor Online | Data: 28/7/2011
Um lucro líquido
de R$ 811 milhões ou de R$ 2 bilhões? Ontem, os
acionistas do Santander podiam escolher o tamanho do resultado
do banco que preferiam adotar, situação que causou
um certo desconforto entre investidores e analistas.
Se optassem pelos números feitos pelas normas internacionais
de contabilidade, o IFRS, os investidores teriam um lucro maior
e com 18% de crescimento na comparação com o mesmo
período de 2010. Já pelas regras brasileiras,
a última linha do balanço seria menos reluzente
e teria encolhido 19%.
Qual dos números está correto? A resposta, que
pode mais confundir do que ajudar, é: os dois. Isso porque
pelas regras do Banco Central as instituições
financeiras devem apresentar seus números pelo padrão
brasileiro de contabilidade. Só no balanço anual
precisam apresentar uma versão também em IFRS.
Porém, desde o início deste ano, a Comissão
de Valores Mobiliários exige que as demais companhias
de capital aberto mostrem seus balanços pelo padrão
internacional, deixando de lado a contabilidade local. Por isso,
se os bancos quiserem, podem entregar o balanço na norma
internacional também, o que é autorizado pelo
BC. É o que o Santander fez. Por ser um banco europeu,
já divulga o resultado em IFRS na Espanha.
Ontem, os relatórios dos analistas deixaram claro que
se tornou bastante difícil observar o desempenho dos
bancos. “A diferença entre os diversos padrões
contábeis e ajustes poderiam levar a diferentes interpretações”,
afirmaram os analistas do Goldman Sachs. No Barclays Capital,
o entendimento foi no mesmo caminho. “Achamos difícil
avaliar qual era o consenso [de mercado] esperado.”
O encolhimento do lucro no padrão contábil brasileiro
se deve, principalmente, à forma como os dois modelos
tratam as provisões para crédito e para processos
judiciais, que podem ser muito mais conservadoras no modelo
brasileiro. Só esse ponto gerou uma diferença
de R$ 500 milhões entre os dois resultados.
Outro item que recebe tratamento diferenciado é a amortização
do ágio, que não existe no IFRS. Por causa da
aquisição do Real, isso é relevante para
o Santander, o que faz seu lucro encolher no padrão brasileiro.
(CM e FP)
