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Novo modelo traz cinco lucros para investidor
Fonte: Valor Econômico | Data: 11/4/2011
Não bastassem as medidas gerenciais de resultado usadas
pelas empresas nos comunicados ao mercado, a própria
contabilidade passa a trazer uma profusão de "lucros"
nos seus diversos demonstrativos. Há o lucro líquido,
o abrangente, o das operações continuadas, o destinado
aos sócios da controladora e o dos minoritários.
Para quem ainda não notou, o lucro líquido que
aparece agora nos balanços não é comparável
ao lucro líquido que se divulgava no Brasil até
2009. Conforme o padrão internacional, e ao contrário
do que ocorria na regra contábil brasileira, o lucro
líquido consolidado de uma empresa inclui o resultado
que pertence aos acionistas minoritários de controladas.
O lucro que serve como base para pagamento de dividendos é
aquele que aparece na demonstração como "atribuído
aos acionistas da controladora". Esse dado é que
de alguma forma pode ser comparável - apesar das mudanças
contábeis - com o lucro líquido que se divulgava
no passado no Brasil.
Segundo o professor Eliseu Martins, especialista em contabilidade
e ex-diretor da Comissão de Valores Mobiliários
(CVM), todos essas medidas de lucro que aparecem nos demonstrativos
contábeis agora já estavam lá antes das
mudanças, embora com menos evidência do que no
atual modelo.
Ainda segundo ele, as informações são dadas
no mesmo nível e cada público pode escolher aquela
que mais lhe interessa. Na opinião de Martins, por exemplo,
o novo lucro líquido, que inclui o ganho pertencente
a minoritários de subsidiárias, é melhor
para acompanhar o desempenho da gestão. "Ele abrange
o lucro referente a todo patrimônio que está sob
controle da empresa da controladora", diz. Ele destaca
também que essa medida tende a interessar mais aos credores,
que querem saber se o conjunto da empresa vai bem ou mal e é
bastante usada na Europa.
Já para o investidor que possui ações da
companhia aberta a informação que mais interessa
é o lucro atribuído aos acionistas da controladora,
pois essa é a parte que lhe cabe e serve como base para
os dividendos. Nos Estados Unidos, é a medida mais popular.
Em um exemplo, o grupo Pão de Açúcar controla
a Casas Bahia, o que lhe permite apresentar na linha de receita
todas as vendas da rede. Mas como o grupo detém apenas
50% das ações da Casas Bahia, metade do lucro
obtido por essa controlada ficará com a família
Klein, que possui os outros 50%, sem que os acionistas do Pão
de Açúcar participem do resultado.
O lucro abrangente soma ao lucro líquido os efeitos que
aparecem apenas no patrimônio, como ajuste de instrumentos
financeiros disponíveis para venda. Já o lucro
com operação continuadas exclui receitas e despesas
ligadas a unidades que foram ou serão vendidas ou desativadas,
por exemplo. (FT)
